Vício em games: quando diversão vira compulsão
A Organização Mundial da Saúde, órgão da ONU responsável pela orientação mundial de políticas públicas de saúde, bateu o martelo. Existe, sim, vício em videogames. Esse tipo de compulsão vai ser classificado oficialmente como uma doença mental ainda em 2018, mas ninguém sabe ainda quando. Isto significa que médicos vão poder diagnosticar o vício em games como uma doença, receitar tratamentos e, dependendo do caso, até medicamentos - tudo com respaldo da OMS.
Mas de onde veio essa ideia de classificar o vício em games como doença? Na verdade, muitos países já tratam essa compulsão como um distúrbio mental há alguns anos. Na Coreia do Sul, por exemplo, uma lei de 2011 proíbe que jovens com menos de 16 anos joguem videogame entre meia-noite e 6 da manhã. Empresas de games no Japão e na China também tomam precauções para evitar que usuários fiquem tempo demais diante das telas, incluindo alertas e sistemas rigorosos de controle. Mas só agora é que essa preocupação vai se tornar norma global.
O vício surge por conta de uma substância no cérebro chamada dopamina. Trata-se de um neurotransmissor responsável por trazer sensação de prazer a uma região do cérebro motivada por recompensa. Toda vez que você faz alguma coisa que te dá prazer, o cérebro libera uma descarga de dopamina. Só que em alguns casos, o cérebro fica obcecado por essas descargas e passa a procurar, cada vez mais, situações que liberem mais e mais dopamina. É isso o que leva a todo tipo de vício, inclusive ao vício em games. Quanto mais tempo jogando, mais dopamina seu cérebro recebe e mais depende do jogo ele fica.
Este jovem de 26 anos procurou a ajuda de uma clínica de reabilitação em São Paulo para combater a compulsão por games. O vício em jogos eletrônicos também o levou a outros problemas, como a dependência química.
O que a maioria dos especialistas concorda é que o vício em games não é uma epidemia. Um estudo realizado recentemente na Noruega com mais de 10 mil pessoas mostrou que menos de 1% deles apresenta um comportamento compatível com o que a OMS considera patológico. Outros estudos em outras partes do mundo indicam números parecidos. Ou seja: nem todo mundo que joga pode ser considerado doente.
A OMS também tem regras bem específicas para determinar o que pode ser considerado vício. Preste atenção: perder o controle sobre a frequência, intensidade e o tempo diante dos jogos; dar prioridade aos games em detrimento de outras atividades do dia a dia; continuar ou aumentar a frequência com jogos mesmo diante de consequências negativas.
Nem todo mundo que joga videogame é viciado. Mas vale a pena ficar atento a estes sinais, antes que uma diversão se transforme num caso de saúde.